Presente, inteiro, íntegro. Ali estou aberto a fabulosa experiência de acompanhar o outro. Observo pelas janelas da alma, vislumbro suas incertezas, medos, alegrias. Amparo sem tocar sua mão. Aqueço para que possa seguir. Viajo junto.
No caminho, fontes de lágrimas carregam sentimentos que outrora foram enterrados pelas defesas. As gotas que surgem na face, vertem do seu eu. Há momentos que jorram com força de vulcão, e outras vezes mal chegam a superfície de seus olhos, sufocadas por diferentes razões do ser que às produz. Revelam um eu orgânico, verdadeiro.
Ali estamos, frente a frente. Juntos vamos nos permitindo viajar. Ainda que sem rumo, a viagem vai se fazendo e por mais cansativa e dolorosa revela sentido. Existimos. Tento em todo tempo estar absorvido no outro, centrado naquele eu, a fim de que eu possa quase ser ele, que por sua vez vislumbra-se, descobre-se, significa-se. Somos quase um, sem no entanto que me perca do meu eu. Sou companhia, sou guarida, sou compreensão.
E nas curvas e quilômetros que percorremos, percebemos belezas, verdadeiros presentes que desvelam-se quando se é, quem se é! Enfrentam-se mazelas, descobrem-se qualidades. Embriaga-se com a liberdade e orgulha-se das responsabilidades. Escolhe, define, dirige. Sou companhia, sou guarida, sou aceitação.
E nesta experiência existencial, vamos nos fazendo. Sou tocado pela outra existência, e tudo que busco é favorecer seu desenvolver. O outro, por sua vez, define, escolhe, dirige, é, cresce na direção que a si mesmo impõe, escolhe, proporciona. Neste campo existencial não há espaço ao julgamento. Sou companhia, sou guarida, sou eu.
Você, aos poucos, na velocidade que imprimir à viagem, vai emergindo. Um eu, seu eu orgânico desabrocha em flor, beleza, perfume, espinhos. Existência que se faz essência, que se faz sentido!
Palavras… Ah… as palavras. Vão afinando-se. Encontram a frequência do sentimento, da razão e fluem em uníssono. Comunicação. Congruência.
Realização!