Um corpo, suas marcas,
Cortes que aliviam a dor da alma,
Dor que, inúmeras vezes, não tem palavras,
Dor vivida,
que no símbolo das marcas do corpo
encontra expressão.
Faltam palavras,
sobram lágrimas, aflição,
solidão.
Solidão que assusta e faz doer,
Paralisa…
Escorre pela fonte dos olhos que parece nunca secar.
Lágrimas,
Que na presença de outrem,
resistem a seguir o seu fluxo.
Ali, não chora.
Suspira, prende, guarda.
No encontro, revela-se, pouco a pouco,
com uma esperança melancólica,
de que a experiência se modifique.
Confiança…
Palavra que emerge,
autoconfiança,
possibilidades…
Potência…
Nas cores quentes e escuras que enchem o branco,
Nova expressão do mesmo.
Ideais e realidade,
sobrepostos, não em sobretom.
Há um tímido azul que paira na imensidão,
por vezes cai, despedaçado.
Há o vermelho-sangue,
da pele que outrora se abriu.
Abriu para carregar o pássaro preso,
Que sentindo-se sem asas,
Revela querer voar,
Viver.
E nas cores
que subjazem o fundo branco
A dor se fez expressão
e abriu as grades que trancavam a sofreguidão.
E o pássaro…
Da portinhola mira a imensidão,
Enxerga possibilidades,
Deixa brotar as asas…
Ensaia vôos…
Vislumbra bandos com os quais quer voar.
E as cores…
Carregam as palavras que ainda não disse,
Expressão.